Motorola
Razr i: primeiro Android 'by Intel' merece aplausos
O Motorola Razr i merece respeito. Durante este review pudemos conhecer
um Android peculiar, com características até então inéditas no mercado, capazes
até de quebrar alguns velhos tabus dos irmãos de sistema operacional.
Para começar, podemos falar logo da característica responsável pela
maior quebra de paradigmas: este é o primeiro smartphone "Powered by
Intel". Seu coração, um Intel Atom de 2 GHz, provém da mesma família de
processadores x86 de baixo consumo energético que um dia já equipou notebooks
da série Dell Inspiron Mini e Lenovo IdeaPad. Agora, no entanto, é a vez da
Motorola usá-la parar suprir toda a potência necessária neste incrível
dispositivo.
Manuseio e design
O slogan "smartphone tela cheia" não existe à toa: suas
bordas, praticamente ausentes nas laterais, expandem a luminosidade da tela de
4,3 polegadas por quase toda sua extensão. Na extremidade superior, o compacto
espaçamento sem display - onde se escondem o sensor de luminosidade, o
altofalante (sob a marca da fabricante) e a câmera de videochamadas - também
merece atenção.
Talvez o único detalhe que ressalte ou destoe, na frente, seja a parte
inferior, onde há muito espaço sem tela. Ainda assim, mesmo que a tela ainda
não ocupe toda a extensão frontal, a impressão que se tem com o manuseio é
extremamente positiva, e todos os outros telefones com dimensões semelhantes
parecem carecer de requinte e de bom gosto perto do Razr i.
O corpo unibody, em alumínio, com bordas arredondadas
garante uma ótima pegada, confortável. Suas extremidades curvas criam um
desenho apropriado para as mãos, e não há distorções pouco ergonômicas como o
Razr original fez. Atrás, o acabamento em Kevlar, já tradicional desta linha,
apenas confirma a impressão de boa resistência e segurança de seu acabamento
geral.
Assim como a tela, o restante do desenho deste smartphone merece
destaques, apesar de seus detalhes estranhamente inapropriados.
O posicionamento dos botões, no entanto, é estranho: à direita, em cima,
a Motorola decidiu colocar o botão de desbloqueio de tela. Ela é levemente
elevada da borda e, pela posição, fácil de ser clicada acidentalmente com o
dedo indicador esquerdo, quando o telefone for manuseado horizontalmente para
uma foto, por exemplo.
Já o acionamento da câmera, que deveria ser elevado, oferece o contrário
ao seu utilizador: graças a um pequeno declive depois do botão, é difícil
tatear a tecla para tirar fotos rapidamente. Mas a Motorola parece ter
entendido o recado antes de lançá-lo e resolveu aumentar a sensibilidade do
botão. Isso, por um lado, não torna lá tão difícil "chutar" um
pressionamento do botão às pressas, para tirar uma foto. Por outro, a
sensibilidade extra acionou a câmera no bolso em diversas ocasiões, nas quais
era surpreendido com a luz do flash brilhando em meu bolso ao puxar o
smartphone para o uso.
O botão de volume no lado direito e a entrada microUSB, à esquerda,
desempenham bem suas tarefas e estão bem posicionadas. Já a tampa plástica
usada para esconder a entrada do cartão microUSB e do SIM card é, no mínimo,
exagerada.
Nenhum desses pontos, no entanto, representa algum grande problema. Dado
o tamanho e o aproveitamento da tela, percebe-se que a Motorola conseguiu, sem
fazer grandes mudanças de estilo como a linha Lumia, fazer um trabalho tão
merecedor de atenção quanto a Nokia.
Ótimo desempenho
Apenas uma coisa explica a quebra de tantos tabus do Android em um só
aparelho: o novo processador Atom. A Intel e a Motorola fizeram um ótimo
trabalho para manter o smartphone com fluidez, sem engasgos no multitarefa, com
estabilidade dos apps e, acima de tudo, durabilidade da bateria.
Um dos tabus que ele quebra é o entendimento de que o Android 4.0 só é
bom em smartphone com mais de um "core". Trabalhando em inéditos 2
Ghz (nos processadores ARM, só se vê esse valor em celulares modificados, em
overclock), o aparelho resistiu a todas as tarefas a que foi imposto sem
engasgos. A operação em mais de um aplicativo simultaneamente se mostrou até
mais rápida e estável que em alguns smarts dual-core do mercado.
Sob estresse contínuo, é notável também a quebra do segundo tabu: o
superaquecimento do processador. Longe disso, poucas foram as vezes em que o
Razr i ficou morno. E assim, provando-se capaz de suportar grandes enxurradas
de processamento sem esquentar e gerenciado bem com um baixo consumo
energético, outro importantíssimo tabu foi quebrado: a sua bateria.
Durabilidade inédita no Android
Equipado de fábrica com uma bateria de 2.000 mAh, esta característica
pode ser, de longe, o quesito mais surpreendente deste smartphone. Durante todo
o teste o Razr i nunca descarregou por completo antes de voltar à cama. Em seu
pior dia, resistiu a 18 horas sem descanso, sob uso continuo e intenso durante
uma viagem. E detalhe: ao reencontrar a tomada, ainda não havia descarregado
por completo. Em outro momento, durante a produção desta matéria, ele registrou
35% de bateria já há 13 horas longe do carregador.
Modificações bem-vindas no sistema
Apesar de a Motorola ter sido comprada pelo Google, seus aparelhos ainda
não virão com a interface pura do Android, como a linha Nexus. Mas, ao
contrário da antiga interface Motoblur, as modificações impostas nesta versão
4.0 do sistema foram muito bem-vindas.
O primeiro exemplo que se pode ter é o widget da tela inicial, que
costumeiramente é o primeiro item a ser retirado nos telefones de outras
fabricantes. Em três círculos, a Motorola pôs um relógio que também exibe
notificações, como mensagens e ligações perdidas; o clima da sua região,
detectável por GPS ou pelo cadastro manual de cidades; e um pequeno menu
indicador de bateria.
Ainda na tela inicial, ao arrastar a página à esquerda, em vez de ter
mais locais para colocar apps e widgets você verá todo um menu de operações
para ligar e desligar recursos do smartphone, como Wi-Fi, GPS, 3G e NFC. Já ao
lado direito da tela inicial, abre-se um menu de opções para adicionar mais
páginas. A solução, para nós, tem nexo: em vez de ter várias páginas livres
para espalhar apps, você é capaz de organizá-las à gosto.
No menu, o design continua o mesmo do Android original, com abas de
aplicativos e widgets em navegação continua. Nos menus, pouca personalização.
Apenas o necessário para manter algum estilo próprio.
Já entre os aplicativos pré-instalados, dois merecem destaque. Um deles
é o Editor de Filmes, nativo e completo, capaz de fazer recortes, juntar
vídeos, colocar legendas, fazer transições, e tudo isso sem demorar na
renderização final. Esse tipo de aplicação faz muita falta no Google Play, já
que nenhuma solução disponível se mostrou completa ou, no mínimo, prática, com
boa usabilidade e estabilidade.
Já o segundo app é o SmartAction, um automatizador de ações. Volta e
meia o app sugere novos estados de automação, com gatilhos para desligar
funções e abrir aplicativos mediante diversas condições, incluindo a de
localização. Para exemplificar, é possível fazê-lo ligar o Wi-Fi, desligar o
pacote de dados e colocar o volume de toque ao entrar em casa, rastreado por
sua localização pelo GPS. (Apenas para consideração, há apps no Android que já
fazem isso, como o Tasker, mas nenhum se mostrou tão simples como este, ainda).
Apesar de tantos detalhes positivos, ainda que o Motorola Razr i tenha
um ótimo desempenho, não é possível categorizá-lo como um modelo top de linha.
A qualidade geral da tela, por exemplo, não é nada espetacular.
Reflexíva sobre o sol, em parte por culpa do pouco brilho que emite, a
tela de 4,3 polegadas de Razr i tem resolução de 960 x 540 e até é capaz de
oferecer boas imagens, nítidas e com qualidade. Ainda que satisfatória, no
entanto, ela não chega nem perto do contraste, nitidez e resolução atualmente
oferecidos em um iPhone 5 ou em um Xperia S.
Outro detalhe é que, ainda que tenha NFC, este aparelho carece de uma
saída HDMI, mesmo que associada ao USB como a linha Galaxy SX, da Samsung.
Na parte de áudio, nada a desmerecer sobre a qualidade sonora aos fones
de ouvido. Já a reprodução no alto falante externo é mediano e poderia ser mais
alta e clara. E não é só no áudio que se vê essa indiferença de notabilidade.
Câmera fraca, comparado a concorrência
A câmera de 8 megapixels do Razr i mostra que, neste quesito, a Motorola
dificilmente evoluirá. Diante de concorrentes tão fortes e que se aplicam tanto
nesta característica, com lentes profissionais e sensores de câmeras compactas
e semi profissionais, este smartphone Android se sai como uma figura apenas
"satisfatória".
Salva de críticas pela rapidez em que é acionada e por sua boa
capacidade de mudar de ponto focal durante as filmagens, as fotos "até que
são boas", com cores nem sempre tão precisas. A funcionalidade HDR é um
charme, mas não faz milagre em seu fraco sensor. Se servir de consolo, isso
sempre foi um quesito fraco nos smartphones da marca, desde a época do primeiro
Milestone.
Postado por: Marcos R.
Fonte: http://www.techtudo.com.br/review/motorola-razr-i/motorola-razr-i-primeiro-android-intel-merece-aplausos.html